Fomos a Sintra….

O breu da noite cai sobre nós e com ele a humidade da serra puxada pela nortada forte que teima em furar os casacos e arrefecer a pele. De calor, apenas a galhofa das pessoas que se estendem ao longo da berma animadas por mais uma “mini”.

De repente, ao longe, um rugido grave. As vozes calam-se por momentos, como que em confirmação, e num repente, num crescente… irrompem ensurdecedoras num grito uníssono, tal como as luzes que crescem para nós lá ao fundo e nos cegam os olhos.

Lá vêm eles!

As restrições impostas pela pandemia de Covid-19 durante o ano de 2020 ditaram o adiamento da mais emblemática prova de históricos nacional, mas este ano, entre 4 e 9 de outubro o XV Rally de Portugal Histórico, organizado pelo Automóvel Club de Portugal (ACP) esteve na estrada e nós fomos à tradicional noite de Sintra…

Fomos viver as emoções contidas, sentir o cheiro da gasolina, pasmar com a borracha cravada na saída das curvas. Fomos vê-los passar, qual romaria aos santinhos. Ou não fossemos nós apaixonados por isto.

Foram quase 2.000km de estrada, plenos de emoção e nostalgia. O “Histórico” está repleto disso – nostalgia – e de grandes máquinas de outros tempos (de 1957 a 1986), nos quais 63 concorrentes, e entre eles 12 equipas nacionais, disputaram cada metro e curva.

Pelas estradas de Portugal, as máquinas de outros tempos andaram pela Figueira da Foz, Viseu, Lamego, Arganil mas é em Sintra mesmo antes do regresso aos jardins do Casino do Estoril que a emoção é mais forte.

Claro que para a história, do Histórico, ficam alguns números e nomes… após 1850km divididos em em 43 etapas selectivas foi Christophe Baillet, (navegado por Pierre Colliard), em Porsche 911 SC, a vencer, logo seguido de Yves Deflandre (navegado por Jennifer Hugo) e de Philippe Fuchey (navegado por Christophe Hayez).

Entre os portugueses inscritos, o destaque vai para a prova de Rodrigo Teixeira/João Azeiteiro, os melhores da casa mas que não conseguiram, apesar do ritmo louco, juntar os seus nomes aos de João Mexia (vencedor em 2014, 2015 e 2016), e João Vieira Borges (2018).

Mas para nós, como para muitos destes pilotos, a verdadeira vitória está precisamente em “ir à noite de Sintra” antes do cair do pano no Estoril. E nós fomos!

U-Motor / Book-U Agency